Sei que é mio tarde para postar isso mas é interessante.
Por Daniel Pavani
Desde o terremoto do último dia 11 no Japão e os consequentes danos a usina nuclear de Fukushima Daiichi, muito tem se falado sobre o que acontece nos reatores, os perigos da radiação, como os problemas poderiam ser resolvidos ou até mesmo evitados. Fato é que realmente existem muitos fatores importantes, desde o resfriamento dos reatores até medidas de contingência da radiação e evacuação da população.
O terremoto que balançou o Japão na semana passada chegou a incríveis 9 graus na escala Richter (pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_Richter), causando tanto destruições pelo tremor quanto pelo tsunami subsequente. Fukushima, na região nordeste do país, também foi atingida e, a partir de então, o problema se tornou maior ainda pelas avarias na usina nuclear presente na região, que possui seis reatores.
Mas para quem pode estar se perguntando o por quê da instalação de usinas nucleares tão próximas à costa, em uma região que sabidamente é sujeita a terremotos, a resposta é bem simples: estratégia. Reatores nucleares produzem energia elétrica fervendo água para que ela mova uma turbina a vapor, a qual acionará um gerador e produzirá a energia. A energia para aquecimento da água é liberada pela fissão atômica de um elemento radioativo como combustível.
Entretanto, para o controle das reações, que geram muito calor, alguns procedimentos de resfriamento dos reatores devem ser tomados. Assim, o oceano próximo é um fornecedor de água tanto para a controle da temperatura quanto para funcionamento do próprio reator. Vale lembrar que as únicas usinas deste tipo no Brasil também ficam na costa, em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro. Mais detalhes do funcionamento das usinas nucleares podem ser encontrados no site da Eletrobras Eletronuclear (goo.gl/hJIle), que gerencia as usinas Angra 1, 2 e 3.
Gráfico que explica sucintamente o funcionamento de um reator nuclear para a produção de energia elétrica. Crédito: Eletronuclear.
O terremoto da última sexta-feira danificou quatro dos seis reatores da usina de Fukushima e as reações tiveram de ser interrompidas. Entretanto, este não é um processo simples e envolve processos tão delicados quanto a própria fissão nuclear. Os reatores 1, 2, 3 e 4 sofreram danos em suas estruturas e são os que causam maiores riscos de vazamento de gases radioativos. Aparentemente, os reatores 5 e 6 não tiveram danos em suas estruturas mas as autoridades acreditam que ainda pode haver risco de que os combustíveis radioativos sejam expostos ao ar. O site do The New York Times apresenta a situação atual de cada um dos reatores, com atualizações diárias.
No dia 14 de março, três dias após o terremoto, os reatores da usina já haviam sofrido com três explosões e o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, chegou a afirmar à imprensa internacional que o níveis de radiação estavam já muito altos, assim como contou o site CNET. Segundo Yukio Edano, chefe de gabinete do primeiro-ministro, após a explosão no reator 4 da usina, os níveis de radiação já atingiram 400 mSV (miliSieverts), 4 vezes mais que os níveis que tecnicamente não ofereceriam riscos à saúde.
Um dos principais perigos que agora as autoridades tentam resolver é o risco de derretimento nos reatores da usina. Quando o urânio (combustível nuclear) atinge temperaturas muito altas, ele deve ser resfriado, porém, isto está se configurando o grande problema em Fukushima. Caso o aquecimento não seja controlado, o urânio pode derreter, aumentando ainda mais o risco de explosão e liberação de gases radioativos na atmosfera. Se isso acontecer, o desastre seria incalculável.
O site do jornal The New York Times possui um infográfico (goo.gl/NTd15) muito interessante sobre os perigos que envolvem os reatores nucleares, como desligá-los e o que acontece em caso de um derretimento. Vale a pena conferir.
Talvez o exemplo mais emblemático de acidente com uma usina nuclear seja o que aconteceu em Chernobyl (pt.wikipedia.org/wiki/Chernobyl), na ex-União Soviética, hoje Ucrânia, em 1986. Os impactos da explosão do reator estão presentes por toda a região até hoje, tanto na população quanto no meio ambiente. Os impactos ambientais são tão grandes que os elementos radioativos liberados na atmosfera se tornaram inclusive marcadores cronológicos em seções geológicas e em estudos oceanográficos no Hemisfério Norte, por exemplo.
O site TG Daily chega inclusive a afirmar que este é o maior acidente nuclear desde o de Chernobyl. De acordo com o site, o Japão ordenou a evacuação de toda a população em um raio de 20 km da usina e mais de 210 mil pessoas deixaram a região desde sábado (12). Entretanto, as autoridades dos EUA aconselham que o raio de evacuação já deva ser de 80 km.
Nesta quinta-feira, o The New York Times contou que os níveis de radiação são tão altos que até mesmo os técnicos que trabalham no resfriamento dos reatores devem ser retirados da usina. Se isto for mesmo necessário, o problema pode ser ainda maior.
Para acompanhar os acontecimentos e novas notícias sobre os procedimentos de controle e segurança nos reatores da Fukushima Daiichi, o melhor site para isso é o da IAEA – International Atomic Energy Angency – a agência internacional de energia atômica (goo.gl/cYQNa).
Mais notícias em dpavani.geek.com.br.